sábado, abril 30, 2005

Obesidade infantil: um problema cada vez mais em destaque

Embora as crianças tenham menos problemas de peso do que os adultos, as que têm excesso de peso correm sérios riscos de se tornarem adolescentes e adultos obesos, e de terem uma saúde consequentemente afectada. Por esta razão, a obesidade nos jovens tornou-se uma prioridade na saúde pública.Actualmente, existe um maior interesse em discutir o aumento do número de crianças e adolescentes obesos. A maioria dos países europeus apresenta taxas de peso excessivo e obesidade superiores a 10% nas crianças entre 8 e 10 anos. Mais alarmantes são os índices superiores a 30% apresentados por alguns países, como a Grécia, a Itália ou Malta. É certo também que existem variações substanciais de acordo com as áreas geográficas; por exemplo, na Europa, são os países do leste e sul que apresentam níveis especialmente elevados. Os parâmetros de análise da obesidade infantil não são universais, o que dificulta as comparações internacionais de dados. Considerando esta lacuna, um grupo de peritos internacionais que integra a equipa de trabalho da International Obesity Task Force - um comité da International Association for the Study of Obesity (principal organização de profissionais ligados ao estudo de obesidade, oriundos de mais de 50 países) - desenvolveu recentemente parâmetros comuns que facilitarão o cruzamento de dados no estudo da obesidade juvenil. As origens da obesidade são debatidas diariamente pelas equipas multidisciplinares. Confirma-se que os factores genéticos influenciam bastante a predisposição para a obesidade infantil, mas a genética, por si só, não explica o alargamento do fenómeno, registado nos últimos anos. Em busca de outras plausíveis explicações, os investigadores voltam-se para a clássica equação do equilíbrio energético. Tal como nos adultos, a obesidade infantil e juvenil é consequência de um desequilíbrio entre as calorias consumidas e as calorias gastas. Este desequilíbrio deve-se a um conjunto de factores sociais que influenciam a forma como as crianças se alimentam, praticam exercício físico ou brincam. São poucos os casos de obesidade cuja origem sejam as perturbações do tipo endocrinológico ou outros problemas físicos.Enquanto, há uns anos atrás, o excesso de peso infantil não se considerava prejudicial - a gordura na criança era sinal de boa saúde, actualmente, as crianças não têm segurança, nem espaços suficientes para brincar nas praças, andar de bicicleta ou jogar futebol. As brincadeiras tradicionais estão sendo substituídas pelos vídeo games, internet e por certa programação da TV, que muitas vezes não é a mais adequada. A alimentação também sofreu uma alteração brusca. Os salgadinhos e os refrigerantes foram substituídos em detrimento do arroz, feijão, carnes, verduras e frutas. Os pais devem ser alertados pelos técnicos de saúde, dos quais os enfermeiros fazem parte, acerca da sobrealimentação e de alimentos como os fritos, gordurosos e certas massas. Não se deve forçar os pequenos a comerem frutas e verduras. É mais natural deixá-las ao alcance das crianças e diminuir a oferta de bolachas, sorvetes e outras guloseimas. Também se deveria diminuir a ida às pastelarias e fast foods. Outro conselho é incentivar a prática de actividades físicas, que podem ocorrer nos clubes ou ginásios, por exemplo. É importante limitar o tempo que passam frente à TV, vídeo game e/ou computador.
Por outro lado, especialistas defendem que os bebés que são amamentados têm menor risco de se tornarem obesos e aí os técnicos de saúde, especialmente os enfermeiros, têm uma grande responsabilidade na educação das futuras mães.
Convém lembrar que os potenciais complicações da obesidade infantil são:Problemas físicos precoces;
Diabetes de tipo 2, puberdade precoce, apneia do sono, problemas hepáticos, hipertensão, problema dos lípidos sanguíneos (colesterol), doenças arteriais, cálculos renais;
Problemas psicológicos precoces;
Perda da autoconfiança, baixa auto-estima, discriminação social;
Aumento dos riscos de obesidade em idade adulta com todas as repercussões físicas, sociais e psicológicas;
Doenças cardiovasculares precoces, problemas de metabolismo.

Fonte: EUFIC - European Food Information Council