A emoção e a auto-estima infantis
Ao autoconceito estão ligados as emoções - das quais fazem parte sentimentos como: a afectividade, a gratidão, a paixão, a angústia, a culpa, a compaixão, a desculpa, ....
Os afectos são muito parecidos com um espelho.
Quando demonstramos afectividade por alguém, essa pessoa torna-se no nosso espelho e nós, no dela. Nesse espelho, reflectimos sentimentos e acabamos por desenvolver um forte vínculo (amor) que é a essência do ser humano.
"As crianças observam-nos a nós como pais. Esses pequenos seres entre os 12 meses e os cinco anos, imitam-nos. Procuram em nós uma satisfação sentimental das suas emoções e colmatar os seus desejos de uma resposta simpática no difícil processo de amar. Um processo que requer um parceiro, esse processo de ida e volta, conjugado no verbo amar: de simpatia, de antipatia, com raiva, ou, simplesmente, não amar. Em síntese, uma complexidade entre as relações baseadas nas emoções, nos sentimentos e na intimidade do desejo"(Boubli, 2001).
É através dessa interacção afectiva em que desenvolvemos todos os nossos sentimentos de forma positiva ou negativa (quando somos crianças) que começamos a construir a nossa autoimagem.
Quando os pais têm a tendência para opinar negativamente acerca da sua criança, dizendo que esta é uma inútil, é incapaz de fazer qualquer coisa bem feita, apresentando uma postura de zombaria ou ironia frente à mesma, poderão deparar-se, mais tarde, com um jovem revoltado, com uma imagem desvalorizada em relação a si mesmo.
Se os seus amigos tiverem a mesma atitude negativa para com ela, poderemos vir a ter um adulto com um possível problema de baixa auto-estima e dificuldades em se relacionar com os demais.
Com uma baixa auto-estima, a criança enfrentará, de forma desadequada, os seus aspectos mais desfavoráveis e eventuais manifestações externas.
Caso contrário, quando a criança começa a perceber que tem êxito no que faz e sente-se encorajada pelos pais, passa a confiar nas suas capacidades e recursos internos.
Quanto mais ela ACREDITAR que PODE FAZER, mais conseguirá, mais irá ousar e aprender a enfrentar e superar os seus medos e receios.
É importante ensinar ao seu filho que ele pode fazer algumas actividades bem feitas, mas que pode ter problemas em relação a outras, e que nem sempre tudo é como nós queremos.
Nem sempre conseguirá tudo o que quer.
A postura dos próprios pais pode servir de óptimo exemplo.
Quando os pais admitem os seus erros ou fracassos a criança aprende que os pais não são perfeitos, e que nem tudo é perfeito na vida.
Como? Que tal um "desculpa” ou “não devia ter gritado”.
Como desenvolver a auto-estima infantil?Para auxiliar uma criança a estabelecer bons sentimentos é importante incentivá-la quando ela procurar fazer alguma coisa e elogiá-la quando a fizer bem feita.
Dessa maneira, ela perceberá que tem todo o direito a se sentir importante, de aprender, de conseguir aquilo que quer (sendo razoável o "aquilo que quer") e ter a noção de que a sua família a ama, apoia e respeita.
Um aspecto muito importante está em adequar as tarefas que cabem a cada idade, permitindo à criança a oportunidade de tentar fazê-las.
Colocar o sumo no copo (ainda que este se derrame), a roupa (mesmo que seja pelo avesso), jogar objectos no lixo, guardar os brinquedos, as peças do jogo, ajudar na arrumação dos livros nas estantes, ...
Solicite a ajuda da criança, sempre que possível, e compartilhe pequenos afazeres, elogiando sempre que ela acertar. Ensine tudo o que for necessário, com muita paciência, firmeza, tolerância, sem esquecer o afecto.
Lembre-se de estabelecer metas realistas e adequadas à idade da sua criança. Permita que ela se desenvolva sem superprotecção ou stress. Evite compará-la a outras crianças - o erro mais frequente contra os filhos - mesmo que sejam irmãos. Desta forma, a criança terá a oportunidade de formar um conceito positivo de si mesma.
Incentive-a sempre que sentir que não tem condições de realizar algo ou mesmo estiver com medo de fracassar.
Talvez ela somente necessite ouvir da mãe ou do pai: "Claro que você pode. Você é capaz, vou ajudar-te".
A criança com adequada autoestima terá mais facilidade em fazer amigos, ter senso de humor, participar em actividades de grupo, direccionadas a uma maior socialização. Também saberá lidar melhor com os erros, ao mesmo tempo que tenderá a ser mais feliz, confiante, alegre e afectiva.
Os pais devem demonstrar coerência entre o que sentem e fazem, relacionando com o que ensinam ao filho.
Este é o segredo para um bom começo de vida.
Bibliografia consultada:
Barros, S, Luísa. (sem data). Psicologia Pediátrica. Lisboa: Climepsi
Benony, Hervé. (1998). O desenvolvimento da criança e as suas psicopatologias, Climepsi Editores
Boubli, Myriam.(2001 ) Psicopatologia da criança, Climepsi Editores
Brazelton, T. Berry; Sparrow, Johua, D.(2004)- A criança e a disciplina. Editora Presença
Gueniche, K.(sem data) Psicopatologia descritiva e interpretativa da criança, Climepsi Editores
Pedro Gomes, J. Para um sentido de coerência na criança (Texto fotocopiado) Urra. J. (2003). O Pequeno Ditador: da Criança Mimada ao Adolescente Agressivo. Editora Estufa dos Livros, Lisboa.
Whaley, L.; Wong,D.(1999)- Enfermagem Pediátrica- Elementos Essenciais à Intervenção Efectiva. Rio de Janeiro. Editora Guanabara-Koogan.
http://criancices.blogspot.com/2007/05/crianas-ao-poderii-parte.html
27 Comments:
Olá Rosa, um excelente post de como os pais devem desmistificar a ideia dos pais como ser perfeito e que as crianças não podem ter tudo na vida, a vida exige que estejamos preparados para o bem e para o mal e o crescimento somente se faz quando sabemos contornar as situações da melhor maneira possível,fazendo das desgraças, forças....
Um beijinho do João.
É com prazer que vejo que regressa aos Blogs... e claro com Qualidade.
Muito bom o artigo Enfª Rosa... Muito Bom mesmo ... É verdade o ~dizer não é também forma de amar e educar é necessário!
Abraço forte
Olá Rosa, envie-te outro trabalho. Quanto ao post, o dizer não também é uma forma de amor....nem sempre dizer sim é amar, vivemos numa sociedade e como tal temos que ensinar às crianças como respeitá-la, ensiná-las a estabelecer limites, dizer que temos que respeitar o espaço dos outros, o que é muito importante!
Beijinhos, Joana.
Excelente!Continuem a apostar na qualidade e pertinência dos temas.bjs
Olá Rosa, mais um excelente post, onde prima a actualidade do tema abordado. Gostei muito. Um bom fim-de-aemana, abraço, P.M.
Olá D.Rosa.
Dei aki uma passagem rapida pra te dizer q adicionei um chat ao meu blog.
Bjs
D.
Rosa, como vais, tudo bem contigo?
O texto está excelente, mas nem esperava outra coisa da minha amiga Rosa, O dizer não também é uma forma de amar, concerteza!
Um grande abraço!
Este post diz-me muito!
Grande beijo
Olá Rosa!! Que bom seria se todos os pais/mães não errassem na educação dos filhos. Muita coisa talvez seja feita inconscientemente, mas a verdade é que há cada vez mais crianças com problemas emocionais tornando-se em adultos complicados.
O post está maravilhoso! Todos os pais deveriam ler ;)
Beijinhos com carinho
A necessidade de dizer "não" aos filhos, é hoje em dia preemente.
No outro dia, no sábado assisti a uma situação em que uma mãe ficou inteiramente à mercê de dois filhos, ainda crianças, num supermercado:
Sem nenhuma moderação e sem consultar a mãe, os dois filhos colocam no carrinho, segundo o seu capricho, batatas fritas, latas de cola, caramelos... Eis uma mãe que não sabe dizer "não", que deixa fazer, que se deixa levar em vez de conduzir a família, uma mãe "presa" dos filhos. Faz-lhes falta tudo e a mãe inclina-se sob o pretexto da liberdade da criança. Tem medo das frustrações, tem medo de um "não". Os filhos são uns tiranos, meninos-reis e ela a servidora.
Obrigada pela partilha do texto. Adoro passar por aqui.
Ola Rosa
Como mae de um terrorzinho de 6 anos, sei bem o quao dificil e ter de dizer que nao, ao que me pede, mas tal como dizes dizer que nao tambem e amar, muitas vezes mais do que dizer que sim. Nos pais temos e de ser mais fortes que a nossa vontade de os ver contentes a todos os momentos e mostrar-lhes que um nao por vezes e preferivel a um sim que a longo prazo lhes fara muito pior.
Óptimo post.
Beijinhos
Olá, Rosa!
Agora que tenho novo material informático, já navego aqui no teu blog perfeitamente.
Voltarei para te ler.
Beijinhos
Nem mais...fundamental para todos os pais lerem, sendo que temos um papel fundamental na transmissão destes conhecimentos àqueles de quem cuidados - falo como mãe e como enfermeira de SIP
Abraço
RC
Olá...
A mim que me interessa pessoalmente, ja q espero vir a ser colega de profissão (estou a trabalhar para isso), achei muito interessante este blog...
É sempre um grande desafio para os pais saber e quando saber dizer não ou sim...
Optimo post.
Bj
P.S.: Obrigado por linkar o meu blog, é uma honra e um desafio para mim. Volte sempre.
Um bom fim de semana com continuação de um bom trabalho.
Cumprimentos
Lindo texto, Rosa. O papel dos pais é sempre difícil mas nada impssível. Pequenos gestos podem trazer grande ajuda aos pequeninos. Abraços, Fátima Emerson
ARGENTINA, Que linda!! Somos vizinhas..rsrsrs
Beso
A auto-estima das crianças depende sempre do que as rodeiam. Por isso é necessário criar um bom ambiente para que mais tarde não haja problemas.
Bom fim de semana.
Beijinhos
É fantástica a gama de conhecimentos que tu nos passas...
Nesta baía
Quando chega ao fim do dia
As pedras dormem com o mar
Quando vem a calmaria
Bom domingo
Mágico beijo
e eu desejo-te uma boa semana :)
Bjs
D.
Olá, Rosa!
Mais um excelente texto com um importante conteúdo didático.
Penso que o grande problemas é que a vida cada vez mais stressante que vivem os pais não lhes facilita um relacionamento salutar com os filhos, daí os inúmeros erros cometidos.
Beijinhos
rosa, sou um psicólogo brasileiro e seu texto foi de grande ajuda para orientar os professores e pais da escola onde trabalho com crianças especiais. obrigado. Erich
Muito Obrigada a todos, os que por aqui vão passando e deixando os seus comentários.
Beijinhos e abraços a quem tem de direito.RS.
Como de costume, um bom artigo que me diz bastante também a mim, profissional da pequena infancia. Deparo-me de facto com casos de pais que confundem o "prazer imediato" com a capacidade de educar (e ter que dizer "não" ou "não se faz isso")
A lêr : Mia Pringle, pela sua capacidade a "bem querer" às crianças !
Olá Nana, muito obrigada pela visita.
Hei-de ler Mia Pringle quando tiver tempo para isso...hehehe. Bjinhos, RS.
Rosa, gostei muito do seu Blog, queria falar com vc por email. hana_kundera@hotmail.com
Agradeço.
Agora entendo porque as veze me sinto uma inutil...foi o que sempre disseram pra mim...
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