Crianças ao poder?...(II Parte)
Se quase no final de século XX lutou-se pela proclamação dos direitos das crianças (Declaração Universal dos Direitos da Criança) em 1959 e pela proclamação da Convenção dos Direitos da Criança, que consta de 54 artigos, em 1989, na realidade os direitos de base que consistem em direitos à sobrevivência (ex. o direito a cuidados de saúde adequados), os direitos relativos ao desenvolvimento (ex. o direito à educação), os direitos relativos à protecção (ex. o direito de ser protegida contra o trabalho infantil), os direitos de participação (ex. o direito de exprimir a sua própria opinião) não são cumpridos para muitas crianças deste planeta.
Acontece que, a nível mundial, as crianças actualmente ainda sofrem com situações de rapto, venda, prostituição, abandono, pedofilia, guerras, conflitos nas regiões onde vivem ou com os familiares (pais, tios, avós), negligência, agressividade, analfabetismo e outras situações não menos graves.
Queiramos ou não, o ambiente social, cultural, económico, moral e pouco humanizado (ausência de valores, essencialmente ausência de afectos) repercute-se tendenciosamente na denominada aldeia global, ainda muito diferenciada e diversificada que muitos defendem como real, mas que se manifesta essencialmente comunicacional (tendo como exemplo as redes de comunicação mais desenvolvidas:a Internet).
A agressividade das crianças e jovens sobre os seus pais, familiares mais próximos e professores é notícia a nível mundial. Todos os dias ouvimos e lemos acerca de casos de agressão entre progenitores e filhos (ditos "normais").
Quando esse comportamento é próprio de crianças com doenças mentais ou psíquicas, os pais podem recorrer aos psicológos, psiquiatras e enfermeiros de saúde mental, se necessitarem de ajuda. A criança pode apresentar comportamento de negativismo, provocação e reiterada oposição, teimosia e não obediência às figuras dos pais, educadores ou professores (figuras de autoridade) que, por vezes, pode ser nomeadamente desafiante (comportamento de oposição).
São crianças ou adolescentes que agridem pessoas e animais, envolvem-se em brigas, destruição de propriedade alheia, etc. Fugas de casa, sérias violações de regras, ausência sistemática às aulas, são sinais que os pais devem levar em conta.
CONSELHOS PARA OS PAIS DO SÉCULO XXI
As crianças mais pequenas (desde aproximadamente os seis meses de idade, até essa altura o sono pode ser ainda instável, por vários factores) manifestam desde muito cedo hábitos próprios para adormecer, são as chamadas “manhas” para adormecer.
Nesta altura, uma criança deve ter um ritmo estipulado para adormecer: a mãe ou pai deve providenciar que a criança se deite sempre à mesma hora, que durma num ambiente calmo, na sua cama, se preferir, ao som da caixinha de música, agarrada a uma fralda de pano ou a um boneco de pano, excepto quando está doente ou internada. A finalidade desta medida, que não parece muito importante, é a da criança adquirir hábitos de sono e delimitar o seu espaço, caso contrário poderá ditar as regras a seu belo prazer (poderá ser tentada a adormecer às mesmas horas que os pais, num clima mais estressante e nada calmo).
Os pais não se devem culpabilizar constantemente pelo comportamento dos filhos, quando estes são agressivos, nem se isolarem com receio de birras ou manifestações públicas, devem antes procurar saber o que está por detrás dessa agressividade e serem firmes e coerentes ao impor as regras educativas que são necessárias. “A educação é uma base de vínculos e de afectos onde não há culpas”(Gomes Pedro)
Quando decidem castigar uma criança (seja o castigo físico ou não, dependendo das perspectivas educativas dos educadores), os pais devem explicar-lhe exactamente por que razão estão a castigá-la e como deve proceder no futuro. A mentira ou simulação podem levar a uma interpretação errónea da medida tomada (castigo) e nesse sentido não terá o efeito desejado (Brazelton).
Para se fazer respeitar não é necessário falar alto ou gritar pois esse tipo de atitude, muitas vezes, não resulta com uma criança ou jovem (Brazelton).
Para se ser respeitado deve respeitar-se o Outro. Os pais devem antes valorizar com mérito as pequenas acções que a criança ou jovem realiza e mostrarem-se contentes quando o seu filho desempenha alguma tarefa. Este tipo de atitude ajudá-lo-á a ganhar autonomia e confiança, condição essencial para o seu crescimento pessoal(Javier Urra).
Actualmente a vigilância é fundamental. Longe está o tempo em que podiamos deixar os filhos em casa com a porta encostada (isto nas aldeias, onde existia um espirito acentuado de interajuda ) somente para nos deslocarmos até à casa da tia ou até ao café mais próximo (vejam o que aconteceu com a Maddie, sinal de que todo o cuidado é pouco! infelizmente...) ou sozinhos (as crianças podem cair e magoar-se, podem tocar em sitios que não devem, como tomadas electricas , etc).
Um lar harmonioso onde se manifeste sobretudo a afectividade (amor,carinho), a segurança, a tolerância (q.b.), a coerência ajuda uma criança ou um jovem a crescer convenientemente.
De facto, um lar que se destaque por um ambiente familiar hostil, em que não raramente os familaires estão aos berros, cenas de agressividade, discussões ou humilhações, mesmo fortuitas, não é desejável para qualquer criança. O pai ou a mãe não devem nunca ignorar a criança ou o jovem, mas estar sempre disponível para uma conversa, desde que a criança é bebé de colo, ou até anteriormente. Não devemos esquecer que a comunicação constitui um laço afectivo importante entre pais e filhos (Javier Urra, Brazelton, Gomes Pedro).
Bibliografia:
Brazelton, T. Berry; Sparrow, Johua, D.(2004)- A criança e a disciplina. Editora Presença
Pedro Gomes, J. Para um sentido de coerência na criança (Texto fotocopiado)
Urra. J. (2003). O Pequeno Ditador: da Criança Mimada ao Adolescente Agressivo. Editora Estufa dos Livros, Lisboa.
Whaley, L.; Wong,D.(1999)- Enfermagem Pediátrica- Elementos Essenciais à Intervenção Efectiva. Rio de Janeiro. Editora Guanabara-Koogan.
16 Comments:
Olá Rosa.
Os pais têm a obrigação de dar amor, educação, estudos e tudo o que a criança necessita, sem que para isso ela torne-se mimada, porque isso traz consequencias.
Infelizmente casos como o da Madeleine são muitos até mesmo em Portugal.
Resta a esperança que ela regresse sã e salva.
Beijos
Verdade hoje é que o Amor é substituido por bens materias... Quanto à obrigação em dar Amor, não concordo só com o termo OBRIGAÇÃO, deveria ser algo não obrigatório mas sim sempre presente... Mais um belo post...
Concordo com o Sérgio, o amor é sustituído por bens materiais (por isso se compram tantos jogos e brinquedos para as crianças actuais)mas unca deve ser uma obrigação dos pais o dar amor ou carinho. Estes sentimentos devem ser naturalmente inerentes do vínculo pais-filhos...sem necessidade de obrigação.
Um belo post,sem dúvida, um grande beijinho!
Olá Rosa, mais um belo post!Efectivamente as crianças actuais são muito mimadas, o que não contribui em nada para um lar harmonioso, antes pelo contrário.
Quando são adolescentes e chantageam os pais, então ainda se torna um caso mais problemático!
Um grande abraço!
Querida Rosa!
Estes dois textos são de grande valor didáctico para todos nós que não pensamos o suficiente sobre esses assuntos.
Obrigado por os escreveres e colocares à nossa disposição.
Quero também agradecer o teu comentário à "Herança".
Beijinhos
Está tudo aí.
É mais um excelente trabalho.
Quanto à Maddie, já muito foi dito. Mas de todo este drama há uma verdade que ressalta. Abandonar 3 crianças em casa para ir para o bar, fosse para jantar, embebedar-se ou simplesmente ir, mostra um comportamento não apenas irresponsável mas criminoso.
Infelizmente é a menina quem sofre as consequências dessa irresponsabilidade.
Um abraço
De blog em blog vim até "Criancices", se calhar sugestionada pelo próprio nome, por defeito de profissão.
Gostei muito do pouco que li...tem muita qualidade.Vou voltar concerteza. Ainda bem que descobri esta Rosa Silvestre!
Olá Rosa, tudo bem?
O tema escolhido é de longe o mais pertinentemente escolhido! Os miúdos actuais, alguns deles, são perquenos ditadores....são eles que mandam em casa, põem e dispõem sobreo que quer que seja, mandam nos pais, etc.Efectivamente estamos no século da criança no poder....mas somente algumas crianças, porque para outras este mundo ainda é um inferno!
Um beijinho!
Oi Rosa, só para dizer Bom fim-de-semana. Bjinhos!
OLá, execelente trabalho. Bom fim de semana.
Gostei da parte II deste artigo.
De facto hà uma distancia enorme entre as crianças "que têm tudo" e as "que não têm nada" ...
Aprecio a maneira que tens de expor o teu artigo, com referências a autores.
Os pais e educadores deveriam ser capazes de se auto-criticar para avançar na boa direcção, pois ser pai/mãe não se inventa, mas pode-se melhorar ...
Beijocas
PS : obrigada pelas tuas passagens là pelo meu sitio ...
Muito obrigada pela visita ao nosso blog e por o ter adicionado aos seus links, nós também fizemos o mesmo.
Gostamos da visita é bom saber que os enfermeiros estão cada vez mais preocupados com o CUIDAR.
Esta noite, o luar
é um corpo branco de mulher
no azul do ar,
reclinado,
roçando a fronte do poeta
eternamente dos céus enamorado.
Mas eu sou teu Amigo,
companheiro de
longas caminhadas.
Amigo
que não esquece a estrada,
porque ela é
uma doença romântica,
um assunto do coração,
uma metáfora da vida.
Anda, vem caminhar comigo
indiferente
a esta mais longa e
violenta caminhada,
porque terás sempre
a minha
SOLIDARIEDADE
*
Vem comigo, então, ao
http://lusoprosecontras.blogspot.com
Crianças ao poder é efectivamente um título que nos faz reflectir na actualidade das nossas crianças, entregues a elas próprias e portanto com bastante poder!!!!
Prometo voltar, gostei do blog!
Um abraço!
ana s.,sérgio, joana, paulo, antónio, vítor,raquel, helena,sofia,kd, nana,sandokan e valter, muito obrigada pelos comentários gentis e voltem sempre!
Beijinhos e abraços a quem tem de direito!
As crianças hoje têm tudo à mão, pois os pais ofereem e compram tudo!Somente não têm o que precisam mais: o carinho e o amor!Pena....
Bjinho.
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