A violência nas crianças e jovens - parte III
Contudo é importante a sua definição com a finalidade de prevenir o problema ou se o problema já se detectou tentar solucionar o mesmo, o mais adequadamente possível.
O tipo mais frequente de violência contra a criança ou o jovem é a violência doméstica, que ocorre, na maioria das vezes, no seio da família.
Reconhece-se ser a violência doméstica "todo o acto (forma activa) ou omissão (forma passiva) praticado pelos pais (biológicos ou de afinidade), parentes (irmãos, tios, avós, primos, etc.) ou responsáveis (tutores legais ou não, podem ser padrinhos, etc.) sobre crianças ou jovens, que sendo capaz de causar dano físico, sexual ou psicológico na vítima, transgredindo o direito que as crianças e jovens têm que ser tratados como sujeitos e pessoas em condição peculiar de desenvolvimento"(Azevedo e Guerra, 1989).
Na nossa sociedade são vítimas potenciais todos os menores de 18 anos (idade legal da maioridade).
Um recente estudo das Nações Unidas sobre o tema (entre 2002 e 2005) , como se pode observar no seguinte quadro, mostra que "a violência ainda prevalece em todos os países do mundo e que, segundo a investigadora Zélia Maria Mendes Biasoli Alves (2007) está presente em qualquer cultura, classe, nível de escolaridade, condição financeira e origem étnica.
A situação de abandono caracteriza-se "pela ausência do responsável pela criança ou jovem. Considera-se abandono parcial a ausência temporária dos pais expondo-as a situações de risco. Entende-se por abandono total o afastamento do grupo familiar, ficando as crianças ou jovens sem habitação, desamparadas, expostas a várias formas de perigo"(Pires e Miyazaki, 2005).
Numa situação de negligência existe "uma privação da criança ou jovem de algo de que ela necessita, quando isso é fundamental para um desenvolvimento saúdavel. Pode significar omissão em termos de cuidados básicos como: a privação de medicamentos ou alimentos, a ausência de higiene e cuidados (bebés) ausência de protecção contra o meio ambiente (a criança ou jovem veste roupas desadequadas à estação do ano).
Entende-se por Violência Física contra crianças e jovens: "Qualquer acção, única ou repetida, não acidental (ou intencional), cometida por um agente agressor adulto (ou mais velho que a criança ou o jovem), que lhes provoque consequências leves (feridas) ou extremas como a morte" (Azevedo e Guerra, 1989).
A Violência Psicológica caracteriza-se por "um conjunto de atitudes, palavras e acções dirigidas para envergonhar, censurar e pressionar a criança ou jovem de forma permanente, tais como ameaças, humilhações, gritos, injúrias, privação de afecto, rejeição, etc.".
Abuso Sexual ou Vitimização Sexual, entendido como "todo o acto ou jogo sexual, relação heterossexual ou homossexual entre um ou mais adultos e uma criança menor de dezoito anos, tendo por finalidade estimular sexualmente a criança ou utilizá-la para obter uma estimulação sexual sobre sua pessoa ou de outra pessoa"(Pires e Miyazaki, 2005).
A partir destas simulações, a criança é submetida a sofrimento físico (ex. colheita de exames desnecessários, uso forçado de medicamentos) e psicológico (ex. inúmeras consultas, internamentos pediátricos desnecessários). O diagnóstico é clínico e há suspeita do problema quando o profissional da saúde não consegue avaliar a gravidade do quadro da doença, uma vez que quase sempre a criança encontra-se em bom estado (físico) geral. A doença é persistente e recidivante, com sintomas raros, as queixas (realizadas pela mãe) são dramáticas, permanecem as mesmas, sempre trazidas pelo mesmo responsável (mãe, tutor ou parente) que solicita a realização de vários exames complementares para "despiste" da doença (Pires e Miyazaki, 2005).
Observaram-se que, em 85 a 95% dos casos clínicos detectados, era a mãe, de forma persistentemente ou intermitentemente que produzia (fabricava, simulava, inventava), de forma intencional, sintomas no seu próprio filho, fazendo com que o mesmo fosse considerado doente, ou provocando activamente a doença.
Nesses casos, existia por parte da mãe o objectivo de obter alguma vantagem para ela, por exemplo, conseguir a atenção do marido ou sobre a criança, tratando-se também de uma forma de manipulação doentia (Feldman, 2004;Fisher, 2006).
Este Síndrome foi descrito, pela primeira vez, pelo Dr. Richard Ascher em 1951, descubrindo-se num menino em 1979 por Meandow . O nome deriva de Barão de Münchhausen (Karl Friedrich Hieronymus Freiherr von Münchhausen, 1720-1797), a quem é atribuída uma série de contos fantásticos.
É o termo utilizado para denominar uma forma de violência que se processa, na prática, de forma repetida e que não deixa marcas.
Geralmente o agressor é o pai biológico, que se irrita com o choro da criança, e a "chocalha" fortemente, daí advindo o termo "sacudido". Acontece em crianças com idade inferior a um ano, ou na maioria das vezes, com menos de seis meses. Ao sacudir a criança tão violentamente, o agressor pode provocar graves lesões cerebrais, hemorragias oculares, ou ainda causar atraso do desenvolvimento neuro-psicomotor. Esta situação pode originar a morte da própria criança. (Pires e Miyazaki, 2005).
36 Comments:
Mais um excelente post, Rosa.
Pois é geralmente o síndrome de Munchusen aparece em famílias disfuncionais, com país desadequados e com baixa escolaridade, em que as mães das ditas crianças já sofreram como vítimas do mesmo síndrome pelos seus pais!
Olá Rosa, excelente post!
A atitude da parte da mãe de simular ou produzir a doença sobre o filho parece ser uma necessidade compulsiva, assumindo o papel da pessoa que cuida de um doente.
Pelo que sei a doença é considerada uma grave perturbação da personalidade, de tratamento difícil e prognóstico reservado.
Valha-nos Deus.
Bjinhos para ti!
Um post que não fica atrás dos outros já publicados, amiga Rosa!
O síndrome do bebé sacudido sempre me fez muita confusão. Como é possível que certos pais façam tamanha maldade aos seus filhos, ainda por cima indefesos?
Fantástico post...!
A humildade da água
Uma folha solta no vento
Cai sobre o mundo um manto de fino orvalho
Cada gota aprisiona um pensamento
Que o ano de 2009 seja a chegada aos teus mais
verdadeiros sonhos, que a tua alma encontre as mil cores
do feliz pensamento…
Que os nossos caminhos se juntem no espaço intermédio
entre a ternura e o tempo da viajem.
Mágico beijo
Gostei deste post e espero a continuação...
Um abraço, J.C.
O post é muito bom, informativo, mas dada a natureza...muito triste. No entanto sabemos que é uma realidade a que não podemos fechar os olhos...
Um beijo e bom ano.
É nestes momentos que apetece dizer onde pairam as comissões protectoras de menores, a UNICEF e outras intidades...é mesmo uma grande tristeza, da qual não nos podemos "divorciar", por assim dizer.
Um bom Ano de 2009!
Olá,
este post está genial!
Todos "somos" culpados.
Beijo
Rosa, estes momentos informativos/educativos alertam-nos para situações conflituosas e de risco que existem nas crianças e jovens e pelos quais as mesmas padecem.
Acho que as organizações que defendem as crianças deveriam ser mais ou de maior qualidade.
Um beijinho, Helena
Interessantíssimo o foco do blog. É minha primeira visita aqui e, com certeza, virei mais vezes.
parabéns pela iniciativa de levar ao público o conhecimento de assuntos tão conflitantes.
Olá D.Rosa.
Vim desejar-te um bom ano de 2009 e q seja tudo aquilo q não foi no ano passado :)
Gostei do aviso do contacto de crianças com pessoas q conheçem na net.
Já agora, na foto em q aparece um homem de punho fechado, pode dar a entender q as crinças sofrem mais de maus tratos por parte dos pais (homens).
Bjs
D.
....
Rosa,
Qualquer tipo de violência contra as crianças, é indigna, repugnante, condenável. Mas essa indignidade é maior ainda quando é no próprio seio familiar que a violência é praticada. Porque é ali que a criança se deve sentir mais protegida.
Se a justiça humana não é suficientemente esclarecida para, em tempo útil, punir severamente quem violenta uma criança (qualquer que seja o tipo de violência), a justiça divina há-de fazê-lo, pois não faria sentido que assim não sucedesse.
Admiro a forma como abordas e expões a questão.
Um abraço
Olá Rosa, gostei da continuação do artigo sobre a violência nas crianças e jovens.
Parafraseando D.W.Winnicott (1950):
“...se a sociedade está em perigo, a razão não se encontra na agressividade do homem mas na repressão, no indivíduo, de sua própria agressividade”.
Olá Rosa
Já tinha houvido falar no sindrome do bebé sacudido na tv.
É impressionante a maldade que as pessoas podem ter em relação a seres tão indefesos :(
Beijos
Olá Rosa! aqui estou eu como prometido, dando a conhecer o meu novo blog..."Aprendiz de Enfermagem" apareça por lá que será bem vinda...
quanto ao seu post mais um com a mesma qualidade a que nós tem habituado ;)
Abraço
Oi Prof.ª Rosa, tudo bem?
Espero que sim, mesmo com tanto frrrrrrioooooo!
Bjinhos da Marta (refilona).
Foi um alívio muito grande. Agora só quero ter a minha menina nos braços", disse ao CM Alexandra Jesus Mendes, de 22 anos, que ontem às 03h24, deu à luz dentro de uma ambulância dos bombeiros de Avintes, Gaia. A jovem teve um bebé prematuro. A pequena Beatriz nasceu ao 7º mês de gestação, com 1, 360 quilos. A bebé, apesar de internada na Unidade de Cuidados Intensivos, não corre risco de vida.
"Estava já a sentir muitas contracções e ligámos para os bombeiros. Eles demoraram um pouco e, quando chegaram, já tinha a dilatação quase completamente feita. Não deu para chegar ao Hospital", disse a mãe da bebé, cujo pai também é bombeiro na corporação de bombeiros de Avintes.
Foi no cruzamento junto do Intermarché de Avintes, que a ambulância dos bombeiros encontrou a viatura médica do INEM. "Correu tudo muito bem e foi rápido. A médica era espectacular e não tenho razões de queixa", afirmou Alexandra. A pequena Leonor nasceu no dia de Reis, e a coincidência abre um sorriso na mãe. "Vai ser a minha rainha."
É o segundo rebento do jovem casal, que já tem um menino de quatro anos. "Estamos muito felizes por termos agora um casal", disse Alexandra. "Mas agora não quero mais, já chega", acrescentou a mãe.
Este foi o primeiro nascimento em ambulância deste ano.
Gostei do blog, Prof.ª Rosa, não a vejo desde Julho de 2006.
Aqui em Santarém ficamos com muitas saudades suas quando se foi embora.
Contudo a vida tem que seguir o seu rumo, não é?
Tudo de bom para a senhora e que os seus alunos de hoje tenham a excelente professora que nós tivemos ontem (4º CLE).
Olá!
Obrigada por nos visitar e deixar mensagem.
Feliz ano!
Excelente artigo! Parabéns!
Beijos
Olá colega Rosa.
Obrigado pela mensagem de Bom Ano Novo. Queria retribuir com um excelente 2009 e que o "criancices" se mantenha por cá como uma grande referência em pediatria. Admiro muito o seu trabalho e que continue por muito tempo.
Miguel ENFernal
....
É por trabalhos como este, e não só, que o "Selo Dardos" te é devido. Por isso to atribuí.
Um abraço
Olá Rosa,
Parabéns pelo Selo Dardos, prêmio atribuito a ti pelo Vitor. É uma distinção certamente merecida.
Sobre este teu post:
Como é triste ver crianças sendo vítimas de violência. E a violência doméstica, essa praticada pela própria família é revoltante. Olha a carinha dessas crianças das fotos. Que vontade de pegá-las no colo.
Um abraço pra ti. Boa semana.
Olá Rosa, o "Criancices" está muito interessante!
Somos um grupo de Área de Projecto, que está a construir um blogue com vista a abordar determinados aspectos na vida do ser humano, desde o seu nascimento até à idade adulta.
Contamos com a sua visita e participação!
Os melhores cumprimentos
Rosa, eu não sabia da existência desta síndrome de Munchausem. Qualquer violência contra a criança, é certamente covardia, acompanhada de demência ou não. Penso que a justiça deveria ser mais intolerante com esses criminosos. Boa semana! Beijus
Oi Rosa, seu blog é muito bacana, valeu!
Amiga, subscrevo as tuas palavras e de pé aplaudo estes teus textos.
Li e reli e posso dizer, que devia ser eco em muitos meios, para que as pessoas reflectissem...
Com amizade
Luis
Olá Rosa, cidadã do mundo,adorei seu blog, vou voltar, prometo!
"Dez por cento das crianças dos países ricos sofre algum tipo de maus tratos, mas apenas um em cada dez casos é investigado e provado, revela um estudo publicado pela revista médica britânica ‘The Lancet’ e realizado por universidades britânicas e norte-americanas.
Os maus tratos infantis são definidos pelos investigadores como acções ou inacções de pais ou cuidadores de crianças que causem danos, possam causá-los ou ameacem fazê-lo.
De acordo com o trabalho, pelo menos 15% das raparigas e 5% dos rapazes foram expostos a algum tipo de abuso sexual, que vai desde mostrar material pornográfico a menores até violação com penetração até aos 18 anos. As violações com penetração afectam entre 5 e 10% das raparigas e entre 1 e 5% dos rapazes. Quatro a seis por cento das crianças sofre abusos físicos".
Parece mentira, mas é verdade, infelizmente. Parabéns pelo blog!
Olá Rosa!
Boa semana :)
Beijinhos
Pois as crianças sofrem muita violência em diversos contextos, se juntarmos as guerras, então dá que pensar, como é possível que isto aconteça no século XXI...mas a luta de poderes, o dinheiro, a inveja, a maldade reinam no mundo porque se assim não fosse isto tudo não acontecia!
Rosa, quando puderes passa pelo meu blog... tens lá um miminho para levantar.
Beijinhos e Bom ano :))
quero os teus dedos molhados bastante salgados ...
Quero fazer uma parceria com seu blog, mas não consegui seu e-mail, então peço-lhe para mim enviar um e-mail pedindo uma parceria. O endereço do blog é www.dragoessapientes.br.ma
Oi Rosa, seu blog é manero.
Gostei, valeu!
Amigos e Visitantes do Criancices, Muito Obrigada pelas vossas visitas e comentários.
O CRIANCICES só consegue crescer em qualidade com o vosso apoio.
Mais uma vez, MUITO OBRIGADA, RS.
Infelizmente o sindrome do bebe sacudido é frequente... muitos pais ate o fazem em brincadeira..quando se lembram de atirar o bebé ao ar...
p.s. ja adicionei o blog nos favoritos do meu
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