"A taxa de cyberbullying em Portugal pode ser superior à de outros países europeus, como a de Espanha, Turquia ou Alemanha, e ser "muito próxima da realidade norte-americana".
É, pelo menos, essa a conclusão da primeira tese de mestrado feita sobre o tema.
"Há vítimas de cyberbullying em Portugal" e a maioria tem entre os 12 e 15 anos, a "idade boom" também do bullying. Apesar de ter feito a tese de mestrado com uma "amostra pequena" de 120 inquéritos, Mariana Campos não tem dúvida quanto à manifestação do fenómeno e a sua tendência crescente. Tal como Pedro Ventura - professor de Artes do 3º ciclo e a fazer tese de doutoramento sobre o mesmo tema - lamenta a falta de apoio do Ministério da Educação para a promoção de inquéritos em meio escolar.
Teve de disponibilizá-lo online para conseguir reunir informação.
Tanto Mariana Campos como Pedro Ventura fazem parte do Movimento Todos Contra o Bullying criado através de um blogue na Internet há cerca de quatro meses e que ontem tentou promover a sua primeira acção: uma concentração em Lisboa, frente ao Pavilhão Atlântico; outra no Porto, na Avenida dos Aliados. Na capital apareceram três pessoas; no Porto, uma.
Pedro, Mariana e Luís Gonçalves (um dos fundadores do movimento) não conseguiam esconder a desilusão; até porque no Facebook, garantiam, já são mais de 40 mil e a petição (lançada há cerca de três meses) já tem mais de 4600 assinaturas. Faltam menos de 400 para as cinco exigidas pela lei para forçar o debate no Parlamento.
"É esse o objectivo: reforçar a lei geral contra o bullying em todas as escolas", frisa Luís Gonçalves. "Não pretendemos que o agressor seja expulso da escola mas sim sancionado, de modo a que a vítima também sinta que ele foi penalizado pelo acto; faça trabalho comunitário, por exemplo". No blogue e na página do Facebook do movimento, milhares de pais e professores "trocam experiências, é o apoio que temos", conclui".
Daqui ....
"Diversos países do mundo vêm traçando estratégias para reduzir a agressividade entre estudantes. Eis alguns dos casos considerados mais significativos:
Portugal- Um estudo indica que 23% das crianças sofrem bullying duas ou três vezes por mês. A Procuradoria-geral da República de Portugal pretende definir o bullying como um crime específico de violência escolar previsto no Código Penal do país. Com isso, passaria a ter um enquadramento penal diferente do que costuma ser aplicado geralmente a casos de violência. Além disso, a denúncia de agressões no âmbito escolar passaria a ser obrigatória por parte dos directores das escolas. A proposta foi encaminhada no final de Março para os ministérios da Justiça e da Educação.
Espanha - Recentemente, uma equipe de pesquisadores da Universidade Complutense de Madri desenvolveu um método aplicado, segundo os responsáveis, com sucesso em escolas espanholas. Utiliza-se um programa de computador em que os alunos identificam, de forma anónima, os colegas de que gostam ou não na turma. Assim, os educadores conseguem descobrir problemas de relacionamento e agir de forma preventiva, antes que o bullying ocorra.
Canadá- Cerca de 10% a 15% dos estudantes secundários afirmam serem vítimas de violência física ou psicológica pelo menos uma vez por semana. O país investe em pesquisa e campanhas de prevenção por meio do Centro Nacional de Prevenção ao Crime. Os mais diversos projectos recebem financiamento a fim de desenvolver acções antiviolência em algumas escolas.
Finlândia
- A Finlândia é um dos poucos países que já especificou, por meio de lei, esse tipo de violência escolar. Quando a intimidação é promovida de forma persistente e intencional – características fundamentais do bullying –, o agressor pode ser punido com penas que vão desde o pagamento de multa até restrição de liberdade. As escolas onde os actos de violência são registados, caso não os tenham prevenido, ficam sujeitas a processos judiciais por negligência.
Estados Unidos
- Nos Estados Unidos, muitos casos de reacções violentas de alunos estão ligadas a histórico de bullying, como o notório massacre de Columbine, em 1999. Como reacção aos casos de perseguição escolar, a maior parte dos Estados norte-americanos já aprovou leis para coibir esse tipo de violência e que obrigam as escolas a adoptar planos de prevenção e medidas disciplinares para combater as acções de intimidação. A prevenção ao bullying também costuma fazer parte do currículo dos alunos.
República Checa- Após três episódios dramáticos registados em 1999, em que uma criança atirou em si mesma, outra teve um colapso nervoso e uma terceira foi ameaçada de afogamento por colegas, o governo checo lançou um projecto piloto para combater o bullying. Colocado em prática em 2002 e 2003, o programa levou à constatação de que uma abordagem ampla – incluindo treinamento de todo o pessoal escolar, educação das famílias, acção conjunta da polícia e de conselhos locais e supervisão das actividades – é capaz de reduzir até 75% os casos de violência.Daqui ... R.S.