quinta-feira, maio 31, 2007

Dia Mundial da Criança - 1 de Junho

Sempre me pareceu despropositado a comemoração habitual do dia mundial disto, do dia mundial daquilo, dedicado tanto a pessoas (pai, mãe, criança, família, idoso) como a cidades, acontecimentos, hábitos ou coisas (árvore, sem carros) como se somente aquele dia contasse para o ano corrente e se avançasse para mais um ano sem preocupações, pois a celebração justificaria, por assim dizer, a culpa expiada por todos nós, adultos.
Mas será que é mesmo assim? Ao se celebrar, por exemplo, o dia da mulher quais os benefícios que isso traz à mulher actual? Os problemas que a mulher actual enfrenta nos mais diversos contextos são todos ultrapassados, embora esse dia se direccione para o alerta e a denúncia desses problemas?
E no caso do dia mundial da criança que amanhã (1 de Junho de 2007) se comemora, isso também sucede?
Claro que não! É mais um dia em que se reflecte e denuncia sobre centenas e centenas de crianças que continuam a sofrer de maus tratos, doenças, fome, descriminações e abusos de toda a ordem.
No seguimento desta sociedade globalizada em que vivemos surge, em pleno século XXI, no Japão a “caixa dos bebés”, fenómeno execrível, funcionando como se tratasse da “roda dos enjeitados”, existente nas Misericórdias dos países do Sul da Europa, entre os séculos XVI e XIX.
Os órgãos de comunicação japoneses comentaram este caso referindo a história de um menino de três anos que se identificou pelo nome e contou como é que o pai o levou de comboio até ali, o depositou na caixa e de como as enfermeiras posteriormente o foram buscar depois de soar um alarme que indica que está uma criança no referido “depósito”.
Também na Alemanha, qualquer mãe pode abandonar livremente o filho recém-nascido à porta do hospital, à sombra do anonimato, pela existência neste país, desde há seis anos até esta data, de berços para recolha de bebés abandonados.
São caixas envidraçados, com acesso pelo lado exterior de um edifício (habitualmente um hospital ou uma instituição de beneficência) onde, depois de soar um alarme, alguém recolhe a criança que foi abandonada (ver mais).
Longe está o primeiro dia Mundial da Criança que foi comemorado em 1950, após a 2ª Guerra Mundial (1945). Com a criação deste dia, os estados-membros das Nações Unidas, reconheceram às crianças o direito, independentemente da raça, cor, sexo, religião e origem nacional ou social a beneficiarem de amor, afecto, compreensão, alimentação adequada, cuidados médicos, educação gratuita, protecção contra todas as formas de exploração e crescer num clima de paz universal (Declaração dos Direitos das Crianças)..
Sabemos que nesse dia, a criança participa em eventos que lhe são exclusivamente dedicados, são-lhe oferecidos presentes ... enfim para muitas crianças, senão para a maioria, é mesmo um dia de festa!
E depois do dia 1 de Junho o que acontece? Avançamos para mais um ano de esquecimento e de indiferença em quase todos os sectores da vida pública relativamente aos problemas das crianças.
Será que não deveríamos dedicar às crianças todos os dias do ano, como se todos os dias fossem da criança, valorizando sim a afectividade, a amizade, a solidariedade, o humanismo, em detrimento de presentes, fossem quais fossem?

Será que nós adultos não deveríamos lembrar às crianças que elas também têm deveres, ou seja, que quem tem direitos também deve cumprir deveres?
Será que nós adultos (como pais e educadores) não deveríamos apostar mais nas crianças, permitindo que no futuro vivam como cidadãos de pleno direito, como bons adultos, contribuirndo assim que outras crianças também vivam felizes? Talvez se assim fosse não acontecessem casos como o de
Miguel.

Em contrapartida também acontecem muitos casos em que as crianças recebem provas de amor e amizade da sua família ou amigos, principalmente quando sofrem hospitalizações.

segunda-feira, maio 28, 2007

Blog com tomates?!

Blog com tomates?!

Recebi da amiga Ana Scorpio ( a quem agradeço a honra da distinção) um presente um quanto insólito, mas que não deixa de ter a sua importância: o Prémio Blog com Tomates (da autoria de Brit.com).
Não ouviram nem viram mal não ... nem se trata de confusão minha ou vossa!
Nem se trata de fazer com os ditos tomates sopa,sumo, puré ou doce (hum...hum!)
Embora confesse que quando oiço falar em tomates, nalgumas situações que tenho vivenciado ou presenciado, me agradaria por em prática o pensamento dos "simpáticos" velhotes.
Mas não é disso que se trata, trata-se pois de premiar um "blog que, de alguma forma, directa ou indirectamente, contribui para alertar sobre os problemas existentes na humanidade", segundo o princípio do mesmo blog, distinção feita pela Ana Scorpio ao CRIANCICES.

Se quiserem perceber do que se trata é só clicar no Blog com Tomates
A partir daqui tive de escolher cinco blogs (facto que me foi difícil, pois escolher é sempre excluir, o que no meio de tantos blogs e bons se torna, cada vez mais penoso!) que serão premiados, por sua vez,com um par de tomates (imagem original).
Os que escolhi foram (1º nomeação):
No silêncio das palavras(brisa das palavras)
Os que escolhi de 2ª vez, após nomeações pelo Enfermagem XXI e pelo COGITARE EM ENFERMAGEM, a quem agradeço sinceramente a honra concedida, foram:
Mais uma vez, após nomeação pelo Conversamos?!, nomeação (4ª nomeação) que agradeço e que me honra mais uma vez, tenho que premiar cinco blogs, facto que me é sempre difícil e penoso. Passo então o par de tomatinhos aos blogs:
Fui nomeada, pela 5ª vez, pelo blog um poema de vez em quando
e "tomatei" assim mais cinco blogs:
A Dreamer´s Space
A Fotografia
Let´s Look?
The Dreamaster Realm
Urgente Ser Criança



Os blogs premiados deverão, por sua vez, nomear outros cinco para receber o prémio e ir ao blog original dizer que o receberam.

sexta-feira, maio 25, 2007

Dia Internacional da Criança Desaparecida


No dia 25 de Maio (hoje) assinala-se em todo o Mundo o "Dia Internacional da Criança Desaparecida".
A somar aos casos mediáticos que os meios de comunicação propagam (temos como exemplos mais recentes a Joana e a Maddie), muitos outros se juntam.
A iniciativa de criar o Dia Internacional da Criança Desaparecida surgiu na sequência do rapto de uma criança de seis anos - Etan Patz - a 25 de Maio de 1979 em Nova Iorque, que nunca foi encontrada. A partir desta data, várias organizações começaram a assinalar este dia. Contudo somente em 1983 o Presidente dos Estados Unidos declarou o dia 25 de Maio como dedicado às crianças desaparecidas.
Três anos mais tarde o dia 25 de Maio conheceu dimensão internacional.
Na Europa, apenas a partir de 2002 é que este dia passou a ser assinalado pela
Child Focus, uma organização europeia não-governamental (ONG), criada no seguimento do caso Dutroux (duas meninas desaparecidas na Bélgica em 1998). Em Portugal começou-se a assinalar esta data em 2004.
Os objectivos desta iniciativa é tentar encorajar a população e os meios de comunicação social a reflectirem acerca de todas as crianças que foram dadas como desaparecidas no Mundo, se tornarem solidários com as famílias afectadas, e ajudarem as autoridades a reflectirem qual a prevenção e estratégias que melhor se adequam a cada caso.
Quando uma criança - dos 2,2 mil milhões que existem no mundo - desaparece, as possibilidades são inúmeras: fuga, rapto, crime, pedofilia, prostituição.
Dúvidas que preocupam milhares de famílias em todo o mundo.
Actualmente, a verdade é que ninguém sabe quantas crianças estão desaparecidas no Mundo. Apesar de não existirem estatísticas globais credíveis, vários países divulgam anualmente o número de desaparecimentos comunicados às autoridades locais.

Contudo os dados em África ou Ásia são praticamente inexistentes. A UNICEF, no seu relatório sobre tráfico de crianças, afirma que a maioria dos casos tem lugar nestes continentes. O caso do Togo, onde uma em cada oito crianças é vendida para o exterior, é pois paradigmático.

Num espírito misto de solidariedade e denúncia, decorre hoje no auditório da Assembleia da República, Praça de São Bento, Lisboa, a II Conferência Europeia intitulada por "Crianças Desaparecidas e Exploradas Sexualmente", organizada pelo Instituto de Apoio à Criança.
Recebe a vinda de vários especialistas nacionais e internacionais, entre eles o presidente do
Grupo Especialista em Crimes Contra Menores da Interpol, mas também representantes do Centro Internacional de Crianças desaparecidas e exploradas (ICMEC) e da Federação Europeia das Crianças Desaparecidas, bem como o coordenador do Departamento de investigação Criminal da Policia Judiciária do Funchal.
Com a ajuda do IAC também foi criada uma Linha telefónica gratuita com o número 1410, destinada a Crianças Desaparecidas apoiada pelo Portugal Telecom, e assinado um Protocolo de Cooperação entre o Ministério da Administração Interna.

Foi também com o objectivo dos pais encontrarem os seus filhos desaparecidos que um grupo solidário de pessoas se juntou criando o Projecto Esperança, uma iniciativa de louvar, sabendo que a Internet é um poderoso recurso no combate a este fenómeno e que pode fornecer os rostos das crianças desaparecidas (através de cartões que se colocam facilmente no site ou blog pessoal ou comercial que possuem fotografias e informações de crianças desaparecidas em Portugal) a milhares de pessoas no Mundo.

segunda-feira, maio 14, 2007

O "meme", "gene cultural", "gene informativo", ...


Surge na blogosfera, mais uma ideia com a finalidade
de uma maior interactividade entre os bloggers: O "meme".
E o que é o "meme"?

Refere a wikipedia que um "meme" é como que um "gene cultural" que envolve algum conhecimento transmitido a outros contemporâneos ou aos seus descendentes.
Assim sendo, os "memes" podem ser "ideias ou partes de ideias, línguas, sons, desenhos, capacidades, valores estéticos ou morais, ou qualquer outra coisa que possa ser aprendida facilmente e transmitida enquanto unidade autónoma". Simplificando: é um comentário, uma frase, uma ideia que rapidamente se propagada pela Web, usualmente por meio de blogues.
O neologismo "memes" foi criado por Richard Dawkins dada a sua semelhança fonética com o termo "genes".
Bom, nesse sentido, se formos a ter em conta o conceito, memes são praticamente todos os blogues, porque todos, de uma maneira ou de outra, geralmente envolvem conhecimentos que passam a outros seres webianos (bloggers), conciliando ideias,partes de ideias, línguas, sons, desenhos, capacidades, valores sociais, etnográficos, estéticos, morais, religiosos, etc.que habitualmente são aprendidos facilmente e transmitidos enquanto unidade autónoma.

Nessa onda webiana memética fui sugerida para responder ao desafio dos "memes" da brisa de palavras e fiquei contente por aquilo que representa (nem que seja somente para aumento da minha auto-estima...).
Sem delongas quero seguidamente expressar os "memes" que considero essenciais actualmente: a linguagem dos afectos, a linguagem do conhecimento e a linguagem da consciencialização de que somos cidadãos deste mundo porque momentaneamente não temos mais nenhum (portanto temos o dever de perservá-lo o melhor possível).
Como nunca fui pessoa de virar costas a desafios, agradeço a honra que me foi concedida e lanço o desafio a outros blogs que considero representantes, directa ou indirectamente, na minha opinião, dessas linguagens (pena ter que escolher poucos!...), para passar o testemunho.
São eles, por ordem alfabética:

- Ana Scorpio;
-
COGITARE EM ENFERMAGEM;
- Educar para a Saúde
-
Eu sou louco!(II);
-
Psicologizando;
-
Silêncio das Palavras.

Contudo deixo aos visitantes e amigos um desafio maior, se reflectirem ou tentarem reflectir convenientemente nesta questão:
- Será que nós, no papel de bloggers, não perderemos imenso tempo (tendo em atenção a nossa falta de disponibilidade, falo por mim, não querendo generalizar!) a responder a estes desafios que vão surgindo, em detrimento daquilo que pretendemos, de uma maneira geral, transmitir que é essencialmente a informação e o conhecimento, através dos posts que vamos colocando consoante a nossa disponibilidade?

terça-feira, maio 08, 2007

Crianças ao poder?...(II Parte)


Se o séc.XX foi anunciado como “século da criança”, confirmando um longo caminho realizado na salvaguarda do valor da infância, mas com muitas promessas por cumprir, o presente, o século XXI ainda está muito longe daquilo que se poderia considerar como século da criança.
Se quase no final de século XX lutou-se pela proclamação dos direitos das crianças (Declaração Universal dos Direitos da Criança) em 1959 e pela proclamação da Convenção dos Direitos da Criança, que consta de 54 artigos, em 1989, na realidade os direitos de base que consistem em direitos à sobrevivência (ex. o direito a cuidados de saúde adequados), os direitos relativos ao desenvolvimento (ex. o direito à educação), os direitos relativos à protecção (ex. o direito de ser protegida contra o trabalho infantil), os direitos de participação (ex. o direito de exprimir a sua própria opinião) não são cumpridos para muitas crianças deste planeta.
Acontece que, a nível mundial, as crianças actualmente ainda sofrem com situações de rapto, venda, prostituição, abandono, pedofilia, guerras, conflitos nas regiões onde vivem ou com os familiares (pais, tios, avós), negligência, agressividade, analfabetismo e outras situações não menos graves.

Queiramos ou não, o ambiente social, cultural, económico, moral e pouco humanizado (ausência de valores, essencialmente ausência de afectos) repercute-se tendenciosamente na denominada aldeia global, ainda muito diferenciada e diversificada que muitos defendem como real, mas que se manifesta essencialmente comunicacional (tendo como exemplo as redes de comunicação mais desenvolvidas:a Internet).

A agressividade das crianças e jovens sobre os seus pais, familiares mais próximos e professores é notícia a nível mundial. Todos os dias ouvimos e lemos acerca de casos de agressão entre progenitores e filhos (ditos "normais").
Quando esse comportamento é próprio de crianças com doenças mentais ou psíquicas, os pais podem recorrer aos psicológos, psiquiatras e enfermeiros de saúde mental, se necessitarem de ajuda. A criança pode apresentar comportamento de negativismo, provocação e reiterada oposição, teimosia e não obediência às figuras dos pais, educadores ou professores (figuras de autoridade) que, por vezes, pode ser nomeadamente desafiante (comportamento de oposição).
São crianças ou adolescentes que agridem pessoas e animais, envolvem-se em brigas, destruição de propriedade alheia, etc. Fugas de casa, sérias violações de regras, ausência sistemática às aulas, são sinais que os pais devem levar em conta.

CONSELHOS PARA OS PAIS DO SÉCULO XXI

As crianças mais pequenas (desde aproximadamente os seis meses de idade, até essa altura o sono pode ser ainda instável, por vários factores) manifestam desde muito cedo hábitos próprios para adormecer, são as chamadas “manhas” para adormecer.
Nesta altura, uma criança deve ter um ritmo estipulado para adormecer: a mãe ou pai deve providenciar que a criança se deite sempre à mesma hora, que durma num ambiente calmo, na sua cama, se preferir, ao som da caixinha de música, agarrada a uma fralda de pano ou a um boneco de pano, excepto quando está doente ou internada. A finalidade desta medida, que não parece muito importante, é a da criança adquirir hábitos de sono e delimitar o seu espaço, caso contrário poderá ditar as regras a seu belo prazer (poderá ser tentada a adormecer às mesmas horas que os pais, num clima mais estressante e nada calmo).


Os pais não se devem culpabilizar constantemente pelo comportamento dos filhos, quando estes são agressivos, nem se isolarem com receio de birras ou manifestações públicas, devem antes procurar saber o que está por detrás dessa agressividade e serem firmes e coerentes ao impor as regras educativas que são necessárias. “A educação é uma base de vínculos e de afectos onde não há culpas”(Gomes Pedro)
Quando decidem castigar uma criança (seja o castigo físico ou não, dependendo das perspectivas educativas dos educadores), os pais devem explicar-lhe exactamente por que razão estão a castigá-la e como deve proceder no futuro. A mentira ou simulação podem levar a uma interpretação errónea da medida tomada (castigo) e nesse sentido não terá o efeito desejado (Brazelton).

Para se fazer respeitar não é necessário falar alto ou gritar pois esse tipo de atitude, muitas vezes, não resulta com uma criança ou jovem (Brazelton).
Para se ser respeitado deve respeitar-se o Outro. Os pais devem antes valorizar com mérito as pequenas acções que a criança ou jovem realiza e mostrarem-se contentes quando o seu filho desempenha alguma tarefa. Este tipo de atitude ajudá-lo-á a ganhar autonomia e confiança, condição essencial para o seu crescimento pessoal(Javier Urra).

Maddie McCann's : se souberem acerca desta menina (3 anos)
liguem para os telefones: 289 884 500 ,
282 405 400 , 218 641 000 , 112

Actualmente a vigilância é fundamental. Longe está o tempo em que podiamos deixar os filhos em casa com a porta encostada (isto nas aldeias, onde existia um espirito acentuado de interajuda ) somente para nos deslocarmos até à casa da tia ou até ao café mais próximo (vejam o que aconteceu com a Maddie, sinal de que todo o cuidado é pouco! infelizmente...) ou sozinhos (as crianças podem cair e magoar-se, podem tocar em sitios que não devem, como tomadas electricas , etc).

Outra atitude a ter em conta consiste em que os pais se informem, desde cedo, como é que as crianças se comportam em casa (no caso de ficarem à guarda de uma ama ou avó), no infantário e na escola e falarem, sempre que tenham dúvidas com o educador ou com o professor (Brazelton).

Um lar harmonioso onde se manifeste sobretudo a afectividade (amor,carinho), a segurança, a tolerância (q.b.), a coerência ajuda uma criança ou um jovem a crescer convenientemente.
De facto, um lar que se destaque por um ambiente familiar hostil, em que não raramente os familaires estão aos berros, cenas de agressividade, discussões ou humilhações, mesmo fortuitas, não é desejável para qualquer criança. O pai ou a mãe não devem nunca ignorar a criança ou o jovem, mas estar sempre disponível para uma conversa, desde que a criança é bebé de colo, ou até anteriormente. Não devemos esquecer que a comunicação constitui um laço afectivo importante entre pais e filhos (Javier Urra, Brazelton, Gomes Pedro).
Parafraseando Brazelton "É importante que os pais encontrem o seu próprio caminho na educação da criança", para bem dos dois, tendo em atenção que os pais do século XXI que trabalham têm muita dificuldade em lidar com os limites. Refere ainda Brazelton "Os pais dizem-me: Não posso estar fora o dia todo e depois chegar a casa e querer impor a disciplina".Os pais precisam de muita ajuda para perceberem que a disciplina é importante para a criança ou jovem. Sobretudo quando as crianças têm a tendência a fazer disparates ao fim do dia, quando os pais chegam, cansados, testam os limites dos pais, porque precisam da segurança que advém desses limites. A disciplina deveria ser essencialmente verbal e incluir determinados limites, solução de problemas, apreensão do acto de antecipar situações difíceis e apreensão para lidar com a frustração, o sentimento de perda e a humilhação.
Mas o adulto (neste caso, os pais) deve ter a percepção de que nunca deve humilhar - "a humilhação gera o ressentimento"(Brazelton) e a maioria dos pais sabe que assim é.

Bibliografia:
Brazelton, T. Berry; Sparrow, Johua, D.(2004)- A criança e a disciplina. Editora Presença
Pedro Gomes, J. Para um sentido de coerência na criança (Texto fotocopiado)
Urra. J. (2003). O Pequeno Ditador: da Criança Mimada ao Adolescente Agressivo. Editora Estufa dos Livros, Lisboa.
Whaley, L.; Wong,D.(1999)- Enfermagem Pediátrica- Elementos Essenciais à Intervenção Efectiva. Rio de Janeiro. Editora Guanabara-Koogan.

terça-feira, maio 01, 2007

Crianças ao poder?...(I Parte)

Nos meios de comunicação social aborda-se e especula-se (não raras vezes) acerca da violência dos pais sobre os seus filhos, sejam eles crianças ou jovens e também sobre a violência familiar (pais, netos,…) sobre os idosos, mas por vergonha e desculpabilização, pouco ou nada se comenta acerca da violência das crianças ou jovens sobre os seus progenitores, ou seja, sobre os seus pais.

Cada vez mais, chega à APAV (Associação Portuguesa de Apoio à Vítima) um role de queixas (em 2005 registaram-se 252 queixas e em 2006, 349 casos de agressão por estalos, empurrões, murros e pontapés) , ainda reduzidas e “envergonhadas” acerca de jovens que agridem os pais sem possuírem qualquer comportamento de foro psiquíco que justifique tal acto (num post posterior abordarei o comportamento de oposição por doença).
Habitualmente, segundo a APAV, os agressores são jovens de todas as classes sociais, a quem os pais não souberam impor limites no seu comportamento, impondo-se no centro familiar como se fossem “pequenos ditadores”. São crianças mimadas, caprichosas a quem os pais satisfazem todos os pedidos.

Refere ainda Daniel Contrim, psicólogo clínico da APAV, que “as crianças maltratadoras, que insultam os pais, que agridem física e psicologicamente, são produto de uma sociedade que, quando considerou o século XX o século da criança provocou profundas alterações no modelo educativo”, permitindo-se alguns excessos no sentido da permissividade.

São as crianças que, em casa, batem nos pais, roubam-lhes o dinheiro, e no exterior agridem verbalmente e fisicamente a professora e até podem vir a fazer parte dos circuitos de delinquência!


Na maioria das vezes, estas crianças não são difíceis de identificar: o menino de cinco anos que está no café e dá um pontapé na mãe e esta responde sorrindo e dizendo “isso não se faz”; a menina de quatro anos que faz uma “fita” enorme porque não quer comer a sopa e quer comer um bolo ou um pacote de batatas fritas, entornando a sopa e recebendo em troca o bolo ou o pacote de batatas fritas que tinha exigido anteriormente, “para não ficar com fome, coitadinha”, diz a mãe; o menino que vai para a escola com a roupa que quer, mesmo que não corresponda à estação do ano … na realidade, estas crianças aos olhos dos pais são pequenos ditadores, mas “ditadores adoráveis”, com “personalidades muito vincadas”, referenciam esses pais, mas parecem esquecer-se que são sobretudo crianças com uma exigência fora do normal, a quem os mesmos não conseguem estabelecer limites nem ordens.

Sabemos que existem factores que predispõem a estas situações: a dificuldade em conciliar a vida familiar com a vida profissional, a falta de tempo dos pais, a separação ou a imaturidade do casal, o deixar a criança “presa” ao visor do computador (Internet) ou da TV durante horas sem controlo (sem ninguém a supervisionar a que tipo de programas assistem) ou vídeo (a criança visiona jogos, por vezes, extremamente violentos!). Alguns desses factores impedem uma transmissão de valores que se requer eficaz (a criança fica muito sozinha, põe e dispõe a seu belo prazer …).
Actualmente psicólogos, educadores infantis, professores, enfermeiros e psiquiatras enfrentam um grave problema educativo: a demissão dos pais do seu papel educativo que é fundamental para que as crianças cresçam em perfeita harmonia. Os pais têm que entender que impor limites faz parte da educação, faz parte do “crescer”, os limites são pois necessários à educação da criança. É importante que a criança entenda que a comunidade onde vive tem regras e que essas regas existem para se cumprir.
Educar requer afecto, reflexão, coerência nas acções, segurança, compreensão ligada também à firmeza, respeito pelo espaço dos outros, sejam esses outros os pais ou os filhos.