Dia Mundial da Criança - 1 de Junho
Sempre me pareceu despropositado a comemoração habitual do dia mundial disto, do dia mundial daquilo, dedicado tanto a pessoas (pai, mãe, criança, família, idoso) como a cidades, acontecimentos, hábitos ou coisas (árvore, sem carros) como se somente aquele dia contasse para o ano corrente e se avançasse para mais um ano sem preocupações, pois a celebração justificaria, por assim dizer, a culpa expiada por todos nós, adultos.
Claro que não! É mais um dia em que se reflecte e denuncia sobre centenas e centenas de crianças que continuam a sofrer de maus tratos, doenças, fome, descriminações e abusos de toda a ordem.
No seguimento desta sociedade globalizada em que vivemos surge, em pleno século XXI, no Japão a “caixa dos bebés”, fenómeno execrível, funcionando como se tratasse da “roda dos enjeitados”, existente nas Misericórdias dos países do Sul da Europa, entre os séculos XVI e XIX.
Sabemos que nesse dia, a criança participa em eventos que lhe são exclusivamente dedicados, são-lhe oferecidos presentes ... enfim para muitas crianças, senão para a maioria, é mesmo um dia de festa!
E depois do dia 1 de Junho o que acontece? Avançamos para mais um ano de esquecimento e de indiferença em quase todos os sectores da vida pública relativamente aos problemas das crianças.
Será que não deveríamos dedicar às crianças todos os dias do ano, como se todos os dias fossem da criança, valorizando sim a afectividade, a amizade, a solidariedade, o humanismo, em detrimento de presentes, fossem quais fossem?
Será que nós adultos (como pais e educadores) não deveríamos apostar mais nas crianças, permitindo que no futuro vivam como cidadãos de pleno direito, como bons adultos, contribuirndo assim que outras crianças também vivam felizes? Talvez se assim fosse não acontecessem casos como o de Miguel.
Em contrapartida também acontecem muitos casos em que as crianças recebem provas de amor e amizade da sua família ou amigos, principalmente quando sofrem hospitalizações.