terça-feira, janeiro 29, 2008

A emoção e a auto-estima infantis


A opinião que a criança tem sobre si está intimamente relacionada com a capacidade que a mesma possui para a aprendizagem (tendo em atenção o seu coficiente de aprendizagem, que é diferente de criança para criança).
Desde muito pequena, a criança desenvolve o autoconceito - conjunto de valores e crenças, conscientes ou acessíveis à consciência, assim como atitudes e opiniões que a criança tem de si mesmo, de si mesmo em inter-relação com o outro, com o mundo e com tudo que a mente pode alcançar - baseado na relação com os outros.

Ao autoconceito estão ligados as emoções - das quais fazem parte sentimentos como: a afectividade, a gratidão, a paixão, a angústia, a culpa, a compaixão, a desculpa, ....

Os afectos são muito parecidos com um espelho.

Quando demonstramos afectividade por alguém, essa pessoa torna-se no nosso espelho e nós, no dela. Nesse espelho, reflectimos sentimentos e acabamos por desenvolver um forte vínculo (amor) que é a essência do ser humano.

Os pais actuam como se fossem espelhos que devolvem determinadas imagens aos filhos.

"As crianças observam-nos a nós como pais. Esses pequenos seres entre os 12 meses e os cinco anos, imitam-nos. Procuram em nós uma satisfação sentimental das suas emoções e colmatar os seus desejos de uma resposta simpática no difícil processo de amar. Um processo que requer um parceiro, esse processo de ida e volta, conjugado no verbo amar: de simpatia, de antipatia, com raiva, ou, simplesmente, não amar. Em síntese, uma complexidade entre as relações baseadas nas emoções, nos sentimentos e na intimidade do desejo"(Boubli, 2001).

É através dessa interacção afectiva em que desenvolvemos todos os nossos sentimentos de forma positiva ou negativa (quando somos crianças) que começamos a construir a nossa autoimagem.

Quando os pais têm a tendência para opinar negativamente acerca da sua criança, dizendo que esta é uma inútil, é incapaz de fazer qualquer coisa bem feita, apresentando uma postura de zombaria ou ironia frente à mesma, poderão deparar-se, mais tarde, com um jovem revoltado, com uma imagem desvalorizada em relação a si mesmo.

Se os seus amigos tiverem a mesma atitude negativa para com ela, poderemos vir a ter um adulto com um possível problema de baixa auto-estima e dificuldades em se relacionar com os demais.

Com uma baixa auto-estima, a criança enfrentará, de forma desadequada, os seus aspectos mais desfavoráveis e eventuais manifestações externas.

Caso contrário, quando a criança começa a perceber que tem êxito no que faz e sente-se encorajada pelos pais, passa a confiar nas suas capacidades e recursos internos.

Quanto mais ela ACREDITAR que PODE FAZER, mais conseguirá, mais irá ousar e aprender a enfrentar e superar os seus medos e receios.

É importante ensinar ao seu filho que ele pode fazer algumas actividades bem feitas, mas que pode ter problemas em relação a outras, e que nem sempre tudo é como nós queremos.
Nem sempre conseguirá tudo o que quer.
A postura dos próprios pais pode servir de óptimo exemplo.
Quando os pais admitem os seus erros ou fracassos a criança aprende que os pais não são perfeitos, e que nem tudo é perfeito na vida.

Como? Que tal um "desculpa” ou “não devia ter gritado”.

Como desenvolver a auto-estima infantil?

Para auxiliar uma criança a estabelecer bons sentimentos é importante incentivá-la quando ela procurar fazer alguma coisa e elogiá-la quando a fizer bem feita.

Dessa maneira, ela perceberá que tem todo o direito a se sentir importante, de aprender, de conseguir aquilo que quer (sendo razoável o "aquilo que quer") e ter a noção de que a sua família a ama, apoia e respeita.

Um aspecto muito importante está em adequar as tarefas que cabem a cada idade, permitindo à criança a oportunidade de tentar fazê-las.

Colocar o sumo no copo (ainda que este se derrame), a roupa (mesmo que seja pelo avesso), jogar objectos no lixo, guardar os brinquedos, as peças do jogo, ajudar na arrumação dos livros nas estantes, ...
Solicite a ajuda da criança, sempre que possível, e compartilhe pequenos afazeres, elogiando sempre que ela acertar. Ensine tudo o que for necessário, com muita paciência, firmeza, tolerância, sem esquecer o afecto.

Lembre-se de estabelecer metas realistas e adequadas à idade da sua criança. Permita que ela se desenvolva sem superprotecção ou stress. Evite compará-la a outras crianças - o erro mais frequente contra os filhos - mesmo que sejam irmãos. Desta forma, a criança terá a oportunidade de formar um conceito positivo de si mesma.
Incentive-a sempre que sentir que não tem condições de realizar algo ou mesmo estiver com medo de fracassar.
Talvez ela somente necessite ouvir da mãe ou do pai: "Claro que você pode. Você é capaz, vou ajudar-te".

A criança com adequada autoestima terá mais facilidade em fazer amigos, ter senso de humor, participar em actividades de grupo, direccionadas a uma maior socialização. Também saberá lidar melhor com os erros, ao mesmo tempo que tenderá a ser mais feliz, confiante, alegre e afectiva.

Os pais devem demonstrar coerência entre o que sentem e fazem, relacionando com o que ensinam ao filho.
Este é o segredo para um bom começo de vida.

Bibliografia consultada:

Barros, S, Luísa. (sem data). Psicologia Pediátrica. Lisboa: Climepsi
Benony, Hervé. (1998). O desenvolvimento da criança e as suas psicopatologias, Climepsi Editores
Boubli, Myriam.(2001 ) Psicopatologia da criança, Climepsi Editores
Brazelton, T. Berry; Sparrow, Johua, D.(2004)- A criança e a disciplina. Editora Presença
Gueniche, K.(sem data) Psicopatologia descritiva e interpretativa da criança, Climepsi Editores

Pedro Gomes, J. Para um sentido de coerência na criança (Texto fotocopiado) Urra. J. (2003). O Pequeno Ditador: da Criança Mimada ao Adolescente Agressivo. Editora Estufa dos Livros, Lisboa.

Whaley, L.; Wong,D.(1999)- Enfermagem Pediátrica- Elementos Essenciais à Intervenção Efectiva. Rio de Janeiro. Editora Guanabara-Koogan.

http://criancices.blogspot.com/2007/05/crianas-ao-poderii-parte.html

domingo, janeiro 06, 2008

Reflectindo ......


"El corazón es una riqueza que no se vende ni se compra, solamente se regala"
ou segundo a Nana :
"Le coeur est une richesse qui ne se vend ni ne s'achète pas mais seulement se régale"
(Gustave Flaubert).

Uma mensagem muito bonita vinda daqui

GUSTAVE FLAUBERT (1821 - 1880)
Por Renato Roschel
17/06/2003

Filho de família abastada, Gustave Flaubert - um dos maiores artistas da história da ficção em prosa - nasceu em 1821, na província de Ruão, em França. Cresceu dedicando-se às leituras românticas, mas fez sucesso com livros que podem ser entendidos como anti-românticos ou realistas
Flaubert foi um grande estudioso da estupidez humana e um assíduo coleccionador das "burrices" que leu em livros e jornais. Para este escritor, o lugar onde a imbecilidade mais abundava era a província. E é esta geografia peculiar o pano de fundo de seu romance mais famoso, Madame Bovary. Nele, a mente sagaz do autor tem a intenção de destruir o arquétipo da mulher romântica, e, por consequência, o mundo romântico idealizado.

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