A violência nas crianças e jovens - parte II
No post anterior constatamos que a violência contra crianças e adolescentes não é um facto recente, pois em longos e diversificados períodos da história foi uma prática habitual, justificada e aceite pelas diferentes sociedades.
![[Lá+vai+a+bola+G2M.JPG]](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwRxJxuur1UeIaiX3Rl5sZ3zfUKXfSvPTAKbTdIn5EaYED2M8qghdj-CDq87CHTc5cruytKeuZn5SurQNQ-WNnKi9sUiNlFZiSMSZ2e-pgibw1a3MA0_j6p3RqGFz37C-nIjKojA/s1600/L%C3%83%C2%A1+vai+a+bola+G2M.JPG)
Nos séculos XVII-XVIII foi instalada em algumas localidades a Roda da Santa Casa. Exemplo disso foi a Roda de Torre de Moncorvo, onde se expunham os meninos "enjeitados", desde bebés até cerca de quatro anos, a qual tinha como objectivo evitar que as crianças fossem devoradas pelos cães, após o seu abandono, pelos familiares.
A Roda era um cilindro oco de madeira que girava em torno do próprio eixo e tinha uma abertura, onde eram colocadas as crianças. A mãe que desejava abandonar o filho batia na madeira e girava, avisando ao porteiro da Santa Casa que, do lado de dentro, recolhia o abandonado.
Quando accionado o mecanismo da roda, os depositantes dos "enjeitados" não eram mais vistos pelos funcionários, mantendo o anonimato exigido na altura, em que os preconceitos e a discriminação abundavam.

A partir do século XIX, começaram a surgir textos médicos sobre a violência praticada contra as crianças.
A partir de 1961 deu-se um grande avanço em relação à violência contra crianças e adolescentes, quando Henry Kempe descreveu a Síndrome da Criança Espancada, reconhecida pela Academia Americana de Pediatria.
Para Kempe, este síndrome ocorria em crianças com baixa idade, apresentando graves ferimentos em épocas diferentes, e explicações discordantes ou inadequadas fornecidas pelos pais, sendo o diagnóstico baseado em aspectos clínicos e radiológicos.

Após os anos 60, com a publicação da Declaração dos direitos da criança, a área da saúde começou a preocupar-se com a violência contra crianças e adolescentes, sobretudo a área de Pediatria, que passou a tratá-la como um problema de saúde, porque a violência que se pratica contra as crianças e adolescentes é um grave problema de saúde, que deve ser identificado e abordado por profissionais que actuam na área educativa e da saúde.

Infelizmente actos como o infanticídio, abandono em instituições (creches, hospitais e até na sua própria casa), escravidão, exploração do trabalho infantil e mutilação de membros para causar compaixão e facilitar a mendicidade são ainda notícia de jornal neste mundo que se diz globalizado.
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Nos séculos XVII-XVIII foi instalada em algumas localidades a Roda da Santa Casa. Exemplo disso foi a Roda de Torre de Moncorvo, onde se expunham os meninos "enjeitados", desde bebés até cerca de quatro anos, a qual tinha como objectivo evitar que as crianças fossem devoradas pelos cães, após o seu abandono, pelos familiares.
A Roda era um cilindro oco de madeira que girava em torno do próprio eixo e tinha uma abertura, onde eram colocadas as crianças. A mãe que desejava abandonar o filho batia na madeira e girava, avisando ao porteiro da Santa Casa que, do lado de dentro, recolhia o abandonado.
Quando accionado o mecanismo da roda, os depositantes dos "enjeitados" não eram mais vistos pelos funcionários, mantendo o anonimato exigido na altura, em que os preconceitos e a discriminação abundavam.

Em França, no ano de 1860, foi escrito o primeiro trabalho pelo Prof.º Ambroise Tardieu, pioneiro na utilização do termo “criança espancada”. Neste trabalho, são analisadas as mortes de 18 crianças com idade inferior a cinco anos, cujas lesões e morte eram incompatíveis com as explicações fornecidas pelos pais.
A preocupação com o abuso infantil começou nos Estados Unidos em 1874, com o caso de Mary Ellen Wilson, abandonada pela mãe. Com a morte do pai na Guerra Civil, ficou sob os cuidados da madrasta e do marido, que a maltratavam fisicamente e a negligenciavam. Como não havia, na época, nenhuma entidade que defendesse os direitos das crianças, Mary Ellen foi protegida pela Sociedade Norte Americana para Prevenir a Crueldade contra os Animais, com base no pressuposto que, como criança, fazia parte do reino animal.

Em 1946, nos Estados Unidos, Caffey, outro médico, publicou observações de seis crianças com hematoma subdural e alterações radiológicas de ossos longos, dois tipos de lesões sem relação clínica ou patológica. Por outro lado, em 1953, Silverman, um médico radiologista, realizou um estudo retrospectivo acerca de crianças com quadros clínicos semelhantes aos de Caffey e concluiu que as lesões eram causadas por traumatismos provocados por alguém.
A preocupação com o abuso infantil começou nos Estados Unidos em 1874, com o caso de Mary Ellen Wilson, abandonada pela mãe. Com a morte do pai na Guerra Civil, ficou sob os cuidados da madrasta e do marido, que a maltratavam fisicamente e a negligenciavam. Como não havia, na época, nenhuma entidade que defendesse os direitos das crianças, Mary Ellen foi protegida pela Sociedade Norte Americana para Prevenir a Crueldade contra os Animais, com base no pressuposto que, como criança, fazia parte do reino animal.

Em 1946, nos Estados Unidos, Caffey, outro médico, publicou observações de seis crianças com hematoma subdural e alterações radiológicas de ossos longos, dois tipos de lesões sem relação clínica ou patológica. Por outro lado, em 1953, Silverman, um médico radiologista, realizou um estudo retrospectivo acerca de crianças com quadros clínicos semelhantes aos de Caffey e concluiu que as lesões eram causadas por traumatismos provocados por alguém.
A partir de 1961 deu-se um grande avanço em relação à violência contra crianças e adolescentes, quando Henry Kempe descreveu a Síndrome da Criança Espancada, reconhecida pela Academia Americana de Pediatria.
Para Kempe, este síndrome ocorria em crianças com baixa idade, apresentando graves ferimentos em épocas diferentes, e explicações discordantes ou inadequadas fornecidas pelos pais, sendo o diagnóstico baseado em aspectos clínicos e radiológicos.

Após os anos 60, com a publicação da Declaração dos direitos da criança, a área da saúde começou a preocupar-se com a violência contra crianças e adolescentes, sobretudo a área de Pediatria, que passou a tratá-la como um problema de saúde, porque a violência que se pratica contra as crianças e adolescentes é um grave problema de saúde, que deve ser identificado e abordado por profissionais que actuam na área educativa e da saúde.

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